O levantamento aponta ainda que foram perdidos 138 coletes e 4.361 balas ao longo do ano, por um total de 48 empresas. Mais uma vez, a Solidez concentra 44,5% e 39,6% dos casos, respectivamente, muito à frente das outras firmas do setor — veja mais no infográfico abaixo.
Os documentos enviados à Comissão Parlamentar de Inquérito incluem também um número considerado “alarmante” pelo presidente da CPI, o deputado estadual Carlos Minc (sem partido). Segundo a Divisão de Controle Operacional de Fiscalização da PF, há, hoje, um total de 17.662 armas de fogo vinculadas a empresas de segurança privada na situação “roubada, furtada ou perdida”.
— Eu fiquei estarrecido. Ainda que não sejam fuzis, mas em maioria pistolas, revólveres e carabinas, a maior parte dessas armas vai parar nas mãos de bandidos. Sem tratar de nenhum caso específico, suspeitamos fortemente de que algumas dessas firmas, ainda que poucas, possam ser uma fachada para o tráfico de armas — afirmou Minc.
Ex-comandante do Bope
Ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e conhecido pela linha dura, Fernando Príncipe coleciona polêmicas em sua trajetória. Em 2012, parado na Lei Seca guiando um Porsche de R$ 650 mil, negou-se a fazer o teste do bafômetro e acabou multado.
Fuzil com traficantes
No ano seguinte, um fuzil registrado no nome do coronel foi apreendido com traficantes da Serrinha, em Madureira. Na época, Príncipe alegou ser colecionador e disse ter repassado informalmente as armas a um capitão da PM.
Autorização da PF
Uma portaria de 2012 prevê punições para a empresa de segurança que alienar “arma, munição ou outros produtos controlados”, sem autorização da PF. As firmas também não podem armazenar o material em “local inadequado”.
Prazo de 24 horas
As empresas têm, ainda, a obrigação de comunicar furtos, roubos ou extravios em no máximo 24 horas. Elas, contudo, só podem sofrer sanções se ficar “configurada negligência” durante a ocorrência em questão.
Resposta da PM
Questionada sobre a fala de Fernando Príncipe, a Polícia Militar informou que “realiza a ‘Operação Carga Segura’ para coibir o roubo de cargas na Avenida Brasil, na região de Guadalupe, de Acari e de acessos às principais rodovias”.
‘O que há é um apequenamento do estado’
Entrevista com Fernando Príncipe, coronel reformado da PM e sócio da firma Solidez
O que a Solidez tem a dizer?
A nossa empresa lamenta muito essa situação, porque está no mercado numa atividade comercial que é legalizada. De um tempo pra cá, a gente acabou verificando o apequenamento da capacidade do estado em combater esse tipo de crime (roubo de carga). A minha firma, por exemplo, prestava serviço para a Souza Cruz até janeiro. Todos esses casos são referentes à escolta armada que fazíamos para essa empresa, com 18 carros por dia.
Como reduzir esses casos?
Mudamos os nossos procedimentos. Informamos à Souza Cruz que só faríamos a escolta em áreas como São Gonçalo e Pedreira se pudéssemos adotar um modelo com mais de um veículo e dois vigilantes, para termos um emparelhamento numérico com os criminosos, mas a empresa não concordou. Nosso prejuízo estava muito elevado.
Como você vê os dados da CPI?
Fico ansioso para ser convocado e poder verificar esses dados pessoalmente, além de pedir providências ao poder público. A origem do problema não está na segurança privada, mas no estado, que é incompetente.
Fonte: Jornal Extra
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