sexta-feira, 27 de julho de 2018

Sindicatos e CNTV vão ao Ministério Público do Trabalho contra o contrato parcial


A reforma trabalhista trouxe inúmeros prejuízos aos trabalhadores. Com os vigilantes não é diferente. O contrato parcial expõe o vigilante no posto de serviço trabalhando em condições precárias e ainda recebendo um salário bem menor que o vigilante contratado nos regimes assegurados pela CCT.

Diante desse quadro, que assombra a categoria, os Sindicatos dos Vigilantes de Niterói e região (SVNIT), Petrópolis e região e Duque de Caxias, conjuntamente com a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) se reuniram com o Procurador do Ministério Público do Trabalho no Rio, Dr. João Carlos Teixeira, para denunciar as práticas de algumas empresas e buscar saídas para os trabalhadores.

“Como pode um vigilante ganhar menos que o piso salarial da categoria e correr os mesmos riscos? Isso é precarizar o trabalhador e deixar vulnerável a prestação do serviço. Não podemos admitir que isso aconteça”, afirmou Cláudio Vigilante, presidente do SVNIT.

Foram apresentados ao Procurador os riscos do contrato parcial na vida do trabalhador e também na eficiência da segurança. Muitas vezes, esses vigilantes são contratados para realizar a rendição de almoço, trabalhando cinco horas por dia para fazer entre quatro e cinco rendições em um dia. Os vigilantes têm que sair correndo de um posto para outro fardado expondo a profissão. Além disso, muitos não recebem das empresa a capa do colete balístico e usam do Vigilante efetivo do posto serviço o que é errado. Outro problema é o déficit de atenção dos profissionais que não têm condições de mapear toda a agência bancária colocando em xeque a vigilância do posto.

“Reforçamos o enfrentamento que é fundamental contra essas contratações por tempo parcial, intermitentes ou almocistas que criam desigualdades muito graves em nossa categoria, principalmente, no tocante a segurança e a vida do trabalhador. Um vigilante que está num banco e trabalha 10 minutos ou uma hora ou cinco horas pode tomar um tiro igual àquele que está no banco nas oito horas. Isso não pode ser tratado de forma natural por conta dos estresses que enfrentamos no dia a dia nos postos e que desdobram em suicídios ou problemas psicológicos”, falou José Boaventura, presidente da CNTV.

O procurador Dr. João Carlos ouviu as lideranças sindicais e propôs que as entidades acionassem as Procuradorias do MPT que atuam na questão da Saúde e Segurança do trabalhador. Os sindicatos vão buscar comprovar que o contrato parcial é danoso para os vigilantes.

“A reunião foi proveitosa, mas ficou uma lacuna que estamos tentando resolver. Temos empresas mau caráter que contratam vigilantes na região de Petrópolis pelo valor de apenas R$ 400 colocando as vidas dos profissionais em risco. O compromisso daqueles que estão no contrato normal de trabalho não é o mesmo de quem está no contrato parcial. A sensação é de que o parcial está fazendo apenas um bico, prejudicando toda a segurança”, disse Adriano Linhares, presidente do SindVig Petrópolis.

Na campanha salarial de 2018, apenas os Sindicatos de Niterói e região, Petrópolis e Caxias não aceitaram a inclusão do contrato parcial na Convenção Coletiva. No entanto, a nova lei trabalhista permite o tipo de contratação. O SVNIT vem promovendo diversas ações judiciais para cobrar das empresas o descumprimento da CCT.

Participaram da audiência o presidente do SVNIT, Claudio Vigilante, o vice-presidente Paulo Henrique, o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Petrópolis, Adriano Linhares, e o Presidente da CNTV, José Boaventura. O Sindicato de Caxias enviou sua contribuição para reunião, mas o presidente Carlos Gil não pôde participar por conta uma emergência de última hora.

Niterói

A direção do SVNIT vem mantendo contato com o CEREST - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador para preparar um estudo junto aos vigilantes e buscar mecanismos que garantam os direitos dos trabalhadores. A iniciativa visa comprovar que o vigilante corre riscos, estresses por conta da natureza do trabalho e do baixo salário no contrato parcial e pelo desamparo da família já que não tem direito ao seguro e seus familiares vão receber apenas os proporcionais à ultima remuneração.

“Com esse estudo queremos mostrar para os trabalhadores e provar para a justiça e os empresários que a profissão de vigilante tem lei específica e exige normativos diferentes de outras profissões. O contrato parcial retira direitos e leva o vigilante ao trabalho semi-escravo”, desabafa Paulo Henrique, vice-presidente do SVNIT.

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