Uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj)
e já sancionada pelo ex-governador Sérgio Cabral, em 18 de março,
restringe o uso de capacetes, bonés, gorros e outros tipos de cobertura
que ocultem o rosto de quem entra em estabelecimentos comerciais —
incluindo bancos. A norma polêmica, que começa a vigorar em 18 de maio,
partiu de um projeto de lei da deputada estadual Lucinha (PSDB).
Em
seu segundo parágrafo, a lei dá margem a interpretações diferentes,
para quem estiver controlando a porta giratória. Está escrito no texto
que bonés e gorros não se enquadram na proibição, salvo se estiverem
ocultando a face. Assim, caberá ao segurança da loja ou banco decidir se
o cliente deve descobrir a cabeça ou não.
Para a deputada Lucinha esse detalhe não vai causar confusão.
—
Quem tiver boa índole vai levantar o boné. A população fica preocupada
quando alguém entra num banco com o rosto coberto — disse.
A lei
ganhou o apoio do delegado Márcio Braga, da Delegacia de Roubos e
Furtos, encarregado de investigar roubos em estabelecimentos bancários.
Segundo ele, a medida pode ajudar a polícia a diminui a ação dos
bandidos, e de quebra, facilitar a identificação de assaltantes.
A
explicação é simples: em todos os 11 roubos a banco registrados em 2014
no Rio os bandidos usaram bonés para encobrir o rosto para impedir uma
identificação por câmeras de segurança.
Dentro da lata, a arma
Um
dos casos em que ladrões encobriram o rosto com bonés ocorreu em 4 de
abril, no Itaú do Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel. Às 15h53m,
uma mulher usando boné cobrindo a maior parte do rosto tenta entrar no
banco, mas a porta giratória trava. Ela abre a bolsa e o vigilante
verifica que há apenas uma lata e libera sua entrada.
Em seguida, é
a vez de quatro homens usando bonés cruzarem a mesma porta. Sete
minutos depois, a mulher se aproxima de um dos homens, abre a bolsa,
retira a tampa da lata, e passa para o comparsa uma pistola. Ele rende
os vigilantes e o bando foge levando R$ 117 mil.
Na terça-feira
passada, o delegado Márcio Braga se reuniu com representantes dos
bancos. Ele pediu que um cartaz seja afixado nas agências, para avisar
os clientes sobre a nova regulamentação.
—É extremamente necessário que a medida entre em vigor — afirma ele.
A Federação Brasileira dos Bancos disse que encaminhou a questão para análise do seu departamento jurídico.
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