O plenário do Senado aprovou o projeto de lei (PLC 38) de "reforma" da legislação trabalhista. Foram 50 votos a favor e 26 contrários, com uma abstenção. A votação foi concluída por volta das 19h50, depois de mais de seis horas de sessão suspensa, devido a uma ocupação organizada por um grupo de senadoras da oposição. Conforme queria o governo, o texto foi aprovado sem mudanças.
A oposição ainda tentava aprovar algum destaque, para que o projeto voltasse à Câmara. Sem mudanças, o PLC 38 vai à sanção de Michel Temer. O governo diz que fará alterações via medida provisória. "Esta reforma é para diminuir a rede de proteção social e precarizar as condições de trabalho", disse Humberto Costa (PT-PE). "Este projeto não vai criar empregos, e sim subempregos", afirmou Telmário Mota (PTB-RR).
"Uma parte de mim morre hoje", disse Paulo Paim (PT-RS), que desde o início da discussão tentou um acordo para incluir alterações no texto. "Vesti a minha melhor roupa (hoje), como se fosse o dia da minha morte."
"Este é um dia muito triste para o Senado Federal", reagiu Renan Calheiros (PMDB-AL). "O Senado se submete, por várias razões, a fazer o desmonte do Estado social. Da noite para o dia", acrescentou o ex-líder do partido, para quem o projeto prejudica sobretudo os mais pobres. Do ponto de vista da representação política, este talvez seja o "pior momento" do Senado, disse Renan. "O que os senhores estão fazendo com o Brasil?", afirmou o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ). "O trabalho intermitente é uma nova forma de escravidão."
"O que aconteceu aqui envergonha a nação", afirmou Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT, pouco depois de a sessão ser retomada. "A classe dominante deste país não tem projeto para o Brasil. Quando há crise na economia, vocês disputam verba do orçamento. Os senhores deviam se envergonhar do que estão fazendo. A cabeça dos senhores é escravocrata", acrescentou, dirigindo-se aos governistas.
SVNIT repudia senadores
O Sindicato dos Vigilantes de Niterói e região repudia veementemente a aprovação da reforma trabalhista sem alterações pelos Senadores da República. Para a direção do SVNIT, a medida representa o espírito dos patrões que querem afundar a classe trabalhadora e transformá-la, novamente, em servil, escrava, sem direitos e sem melhoria nas condições de vida.
A reforma trabalhista representa um atraso na relação dos trabalhadores com os patrões. Agora, os trabalhadores estão sujeitos à jornada de trabalho de 12 horas diária, férias fracionadas em 3 vezes, mulheres amamentando ou trabalhando gestantes em local insalubre, redução de salário à critério do patrão, salário inferior ao mínimo legal, almoço em 30 minutos.
Talvez, agora, a classe trabalhadora entenda, sofrendo na pele, o que os senadores corruptos, golpistas e traidores da república realmente queriam e a quem estão servindo.
"É o início do fim da CLT" - disse Cláudio Vigilante, presidente do SVNIT.
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