quarta-feira, 7 de outubro de 2015

CNTV vai levar nova proposta do Piso Nacional dos Vigilantes à Câmara dos Deputados

O presidente da CNTV – Confederação Nacional dos Vigilantes, José Boaventura, anunciou durante a 13ª Conferência Nacional dos Vigilantes, em Maceió/AL, que a entidade vai apresentar um novo texto de projeto de lei para instituir o Piso Nacional dos Vigilantes. O esboço será entregue à deputada federal pelo Distrito Federal, Erika Kokay (PT), que será a responsável por apresentar o projeto de lei na Câmara dos Deputados. A iniciativa reabrirá as discussões sobre o piso nacional da categoria que foi retirado do texto do substitutivo ao projeto de lei nº 4238/2012 que instituiu o Estatuto Nacional da Segurança Privada e que segue para tramitação no Senado Federal.

“A CNTV vai entregar nesta semana uma nova proposta de piso nacional à deputada Erica Kokay e também ao Senador Paulo Paim para ser apresentado na Câmara dos Deputados.”

O companheiro Ademir Wiederkehr, da ContrafCut, resumiu os pontos principais do novo Estatuto e reforçou a necessidade de uma mobilização conjunta de vigilantes e bancários para garantir avanços no texto do Estatuto.

“O projeto pode entrar na pauta do Senado em outubro. Temos que aprofundar o projeto, apresentar emendas, visitar os deputados nos Estados, chamar a atenção de vereadores e prefeitos, visitar entidades representativas em busca de apoio, promover dia nacional de lutas contra retrocessos, realizar atividades integradas entre bancários e vigilantes para buscar avanços no projeto. Vamos buscar uma nova legislação que garanta a proteção à vida e à segurança das pessoas.”, disse Ademir.

Ademir destacou alguns pontos prejudiciais e que precisam ser suprimidos do texto como o Parágrafo Único do artigo 1º que diz que “A segurança privada e a segurança das dependências das instituições financeiras são matérias de interesse nacional.” Outra questão diz respeito a questões impostas pela Fenaban – Federação Nacional dos Bancos que limita a colocação de biombos nas agências bancárias apenas em capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes.

Chico Vigilante, deputado distrital e diretor da CNTV relembrou as primeiras legislações que regulamentaram a segurança privada no Brasil.  

“É importante pontuar que a primeira lei que tratou da segurança privada foi um decreto da junta militar que instituiu a segurança bancária somente. Com o surgimento da lei 7102 em 1983, ela basicamente tratava de segurança voltada apenas para os interesses das empresas”, acrescentou.

O deputado também fez referência ao novo Estatuto da Segurança Privada e destacou que o apensamento de todos os projetos apresentados na Câmara dos Deputados ao PL 4238 tornou mais difícil que o piso nacional fosse estabelecido. Chico ainda falou sobre o calibre das armas utilizadas pelos vigilantes.

“A questão do calibre das armas mexe muito com a categoria. A lei agora regulamenta os calibres para vigilante patrimonial e transporte de valores. Precisamos fechar um texto no Senado com apresentação de emendas supressivas, como a questão do interesse nacional, e aprovar o Estatuto Nacional da Segurança Privada. Agora temos que buscar os nossos aliados e apresentar um novo projeto apenas do piso nacional dos vigilantes”, concluiu.

O diretor da CNTV e presidente do Sindicato dos Vigilantes de Barueri, Amaro reforçou a necessidade de outros dirigentes sindicais do Estado de São Paulo se mobilizarem em favor da categoria.

“O Estado de São Paulo tem que sair do armário. Os dirigentes sindicais devem defender o piso nacional dos vigilantes. Falta mobilização. Nós vamos defender, vamos fazer uma audiência pública para conscientizar os trabalhadores sobre a necessidade do piso nacional. Não podemos aceitar que presidentes de sindicatos sejam contra o piso nacional”, afirmou.

Estatuto Nacional da Segurança Privada

Após vários anos lutando pela criação do Estatuto da Segurança Privada, os vigilantes obtiveram importantes avanços com a aprovação do relatório e substitutivo do deputado Wellington Roberto (PR-PB), relator da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, instituída para apreciar o Projeto de Lei 4238/2012, de autoria no Senado do Senador Marcelo Crivella que diferenciava os valores dos salários de acordo com o grau de risco. A sessão que apreciou e votou o texto aconteceu na quarta-feira, 16 de setembro.

Apesar da criação do Estatuto e o avanços em alguns temas, o deputado retirou do seu parecer a aprovação do Piso Nacional dos Vigilantes. O texto agora segue para o Senado onde poderão ser apresentadas emendas. A Comissão Especial apreciou PL 4238/2012 e outros 122 projetos apensados que abordavam temas referentes à segurança privada.

Avanços

Não foi de todo ruim, pois interessa aos trabalhadores a atualização da lei de 1983 (lei 7.102), a exemplo da necessária mudança na escolaridade mínima para o exercício profissional (descabido a 4ª série primaria), do respaldo legal para atuação em eventos e estádios de futebol e de forma segura na segurança eletrônica, na obrigatoriedade em lei de portas de segurança, divisórias ou biombos entre caixas nas agencias, etc.

Retrocessos


O documento, portanto, traz também retrocessos ou frustra os trabalhadores, na visão da CNTV e seus Sindicatos filiados. O texto abre brecha para o uso de tecnologia no transporte de valores (o malote de tinta, por exemplo), com riscos para o emprego e segurança. Permite ao policial aposentado entrar na profissão somente com uma extensão, flexibiliza algumas medidas de segurança nos bancos.  

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