sexta-feira, 27 de março de 2015

Calote do Estado e da VS Brasil deixa vigilantes sem salários e greve entra no 12º dia

Os vigilantes da empresa VS Brasil que prestam serviços Instituto Médico-Legal (IML) de Niterói e São Gonçalo permanecem em greve cobrando o pagamento de salários atrasados. A paralisação já dura 12 dias e não tem previsão para acabar. A empresa alega que está há seis meses sem receber as faturas do governo do Estado e não tem como efetuar os pagamentos dos trabalhadores. O salário de fevereiro, o tíquete alimentação e o vale-transporte estão atrasados. Há casos em que o vigilante já gozou o período de férias e também não recebeu os valores correspondentes a um salário e o terço de férias. O Sindicato dos Vigilantes de Niterói, São Gonçalo e região (SVNIT) auxilia os trabalhadores na paralisação. A situação de alguns vigilantes é desesperadora quanto a falta de pagamento. Alguns se queixam de falta de condições para alimentar a família.

A greve, que teve início na segunda-feira (16), levou muitos manifestantes a protestarem em frente da sede do IML do Barreto. O problema não é apenas a falta do salário, mas também as condições de trabalho que são precárias, conforme denunciaram os vigilantes.

Em matéria publicada pelo jornal Extra desta sexta-feira (27), um levantamento feito no Sistema de Acompanhamento Financeiro do Estado (Siafem) aponta que a dívida do estado é de R$ 2,9 bilhões — sendo R$ 1 bilhão com restos a pagar do ano passado e R$ 1,9 bilhão com serviços já executados nos três primeiros meses deste ano, mas que ainda não foram pagos. O governo estima que a previsão do déficit de caixa até dezembro será de R$ 13,5 bilhões e anunciou uma série de medidas para tapar o buraco, como o uso de R$ 6,2 bilhões do Fundo de Depósito Judicial liberado pelo Tribunal de Justiça do Rio. A proposta que autoriza a utilização do recurso foi aprovada, nesta quinta-feira, na Assembleia Legislativa (Alerj).

Na área de segurança, segundo o jornal, por exemplo, faltam recursos até mesmo para a alimentação de presos. O governo pagou um pouco mais da metade dos R$ 27 milhões que deve a fornecedores. A inadimplência também tem prejudicado o atendimento nas delegacias. O pagamento às empresas de segurança afetam outros postos de trabalho como Detran, postos de vistorias etc.

O presidente do SVNIT, Cláudio José de Oliveira (Cláudio Vigilante), afirma que a postura do governo do Estado é irresponsável e prejudicial à classe trabalhadora, já que todos os gastos devem ser previstos no orçamento com receitas programadas.

“Não podemos aceitar que os trabalhadores paguem pela ineficiência da gestão do governo do estado. Muitos estão com problemas familiares, contas vencidas, luz sendo cortada, faltando comida na dispensa e, tenho a certeza que o governador e donos das empresas de segurança estão dormindo nas suas casas luxuosas com ar condicionado e servidos por uma boa comida. Não podemos aceitar essa inversão de valores. Quem trabalha tem que receber pelo serviço”, questiona Cláudio.

Cláudio Vigilante também condenou a falta de preparação da empresa.

“Sabemos que o momento que o país vive é de crise. No entanto, as empresas não se preocupam em se programar para eventualidades. Hora nenhuma os empresários pensam nos seus funcionários. Vamos manter a greve até que sejam regularizadas todas as pendências. O SVNIT dará todo apoio à paralisação e auxílio jurídico aos trabalhadores. Vamos ao Ministério Público do Trabalho denunciar a empresa e o Governo do Estado”, desabafa.

Em nota, o governador Luiz Fernando Pezão informou que o estado tem feito todos os esforços para regularizar a situação com seus fornecedores. Ele diz que em breve os prestadores de serviço terão uma definição mais clara sobre o cronograma de quitação dos débitos. “Os atuais débitos com seus fornecedores refletem uma situação econômica extremamente difícil para o país e, especialmente, para o estado”, informou Pezão, na nota. Ainda segundo o texto, a queda nos preços do barril do petróleo, a desaceleração do crescimento e a crise da Petrobras estão afetando as finanças do estado.

Willian Chaves - Imprensa Sindical - wmcnoticias@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário